Boa mesa de som para podcasts: Behringer Xenix Qx1002USB, Qx1202USB, Q1202USB, Q1002USB e Q802USB

Um dos equipamentos mais cruciais para se fazer um podcast é a mesa de som. Ela precisa ser simples de mexer, confiável, ter um bom ganho e ter a quantidade de entradas necessárias para a quantidade de microfones. Além disso, também há a questão do orçamento e mesas mais baratas estão na mira das pessoas que criaram seus podcasts recentemente. A Behringer possui uma linha de mesas de som que já estão no mercado há um certo número de anos e permanecem tendo uma grande popularidade no Brasil. São vários modelos, mas nessa publicação vou focar nos quatro abaixo que são iguais em todos os sentido exceto a quantidade de entradas e a presença de efeitos na mesa em si. São elas:

– Behringer Xenix Qx1002USB
– Behringer Xenix Qx1202USB
– Behringer Xenix Q1202USB
– Behringer Xenix Q1002USB

Nessa publicação, não vou focar em absolutamente tudo da mesa, mas tudo que a torna interessante para a gravação de podcasts ou vídeos para internet. Essa não é a mesa ideal para gravar música em múltiplas faixas (ou seja, gravar algo, depois escutar esse algo para gravar o próximo instrumento, etc), porque ela não permite que você escute o que se passa no computador ao mesmo tempo que você escuta o que está gravando. Se esse for o seu caso, ou você vai ter que fazer alguma gambiarra ou terá que escutar direto do computador e arranjar alguém que monitore a mesa para você, te deixando sem retorno. Vamos, portanto, para as características dessas mesas que as fazem tão queridas por quem faz podcasts.

Entradas

Primeiramente, essas mesas possuem entradas XLR e P10. As XLR possuem a capacidade de alimentar energia Phantom. As entradas que tem o XLR também tem a opção de colocar P10 e são as mais importantes, porque possuem um controle de ganho do preamplificador e também, por causa do Phantom, podem alimentar microfones condensadores. Além disso, essas entradas P10/ XLR possuem equalizadores de 3 bandas e compressor (que citaremos mais abaixo). Mesmo que você não esteja usando microfones condensadores, recomendo que você use essas primeiras entradas.

As outras entradas são apenas P10, focadas assim em microfones dinâmicos e instrumentos musicais.  Essas entradas são consideradas de sinal estéreo, porque elas entendem uma entrada como esquerda e outra como direita. Mas você pode usar as duas ao mesmo tempo para instrumentos diferentes, apesar de que com isso você não consegue regular o ganho das duas entradas independentemente. Você pode usar a entrada e colocar apenas para um dos lados na regulagem da estereofonia, tornando assim esse sinal mono e controlável.

Existem também duas entradas RCA para receberem algum sinal estéreo de alguma fonte como um som leitor de CD, um DVD player ou até um preamplificador de vinil. Uma curiosidade: Dá pra usar o preamp dessa mesa como preamp de vinil? Que dá, dá sim com dois cabos RCA/P10 nas entradas com o preamp. Mas isso caga o som do vinil. Compre um preamp Phono apropriado para vinil que é melhor.

Saídas

Logo ao lado das entradas, temos as saídas. Temos as saídas P10 “Main Out” e “Control Room”, para mandar para caixas de som ou amplificadores de som. A diferença entre essas duas saídas é o controle que você tem nos botões que ficam mais pra baixo na mesa. A Main Out é focada em ser a saída principal e a Control Room é focada em ir para uma sala de monitoramento. A Control Room é regulada pelo mesmo controle de saída do fone de ouvido e tem um ganho independente do resto da mesa. Portanto, caso esteja usando para áudio ao vivo, a saída correta é a Main Out.

Também tem uma saída RCA, mas a principal saída para essa postagem é a saída USB. Essa mesa funciona como uma interface e permite que você grave tudo mandando direto para um computador através de algum software de captura. Uso o Adobe Audition, mas qualquer DAW serve, desde o Audacity até o ProTools. É uma ferramenta incrível para a gravação de podcasts, sejam eles ao vivo (nesse caso, o software seria algum software de streaming como o OBS) ou gravados.

Controles

Controles numa mesa de som podem assustar um pouco, mas na verdade a única coisa que é importante de se lembrar é que todas as colunas são iguais (ou quase iguais) Se você entender a primeira coluna, você entende as outras.

A primeira coluna é relativa à entrada P10/XLR. Vamos começar pelos dois controles de intensidade sonora: o preto que controla o ganho e o branco que controla o nível. Logo abaixo das entradas, temos o controle preto do preamplificador. É nesse que você faz o primeiro teste de som. Coloque o controle branco de nível (lá embaixo) no meio e faça o seu teste de som com o controle de ganho preto lá em cima. Deixe em um nível que você faça os pequenos ajustes no branco e durante a gravação/ apresentação, não mexa no preto. Isso deve deixar o noise floor (o ruído de fundo de qualquer equipamento eletrônico) constante durante todo o processo.

Logo abaixo, em azul, temos o compressor. O compressor evita que o som estoure e tenta igualar mais um som muito alto com um som muito baixo. Nesse post não vou explicar a fundo o que é um compressor, mas só vou dizer que esse não é um dos melhores compressores, sendo mais um quebra-galho. Se você realmente precisa de um compressor, é melhor conseguir algum externo do que contar com esse embutido.

Abaixo, em azul escuro, temos o equalizador de 3 vias (ou 3 bandas, como falei acima). Esses controles são responsáveis por aumentar ou diminuir uma parte das frequências. Para essa mesa, os graves são as frequências por volta dos 80Hz, os médios são as frequências por volta dos 2.5Hz e os agudos são as frequências por volta dos 12kHz. Com isso, você pode mudar a textura do áudio, evitar simbilâncias, diminuir algum ruído do ambiente, etc. Ao lado desses três equalizadores, você tem um botão quadrado de Low Cut, que serve para cortar frequências graves, o que pode ser ótimo para cortar sons de ar condicionado, trânsito, etc.

Abaixo, num controle vermelho, temos o controle dos efeitos que vem nas mesas com o nome Qx. As mesas sem o x no nome não têm esses efeitos. São dezenas de efeitos de reverb, delay, modificação no som, etc. Não vou cobrir essa parte nessa publicação porque eu simplesmente não utilizo esses recursos. Caso eu queira adicionar algum desses efeitos, adiciono no computador mesmo, durante a edição, com muito mais controle e possibilidades. Mas se você vê utilização nesses efeitos ao vivo, acho que pode ser uma ferramenta interessante.

O controle preto é um controle da panorâmica ou de regulagem estereofônica, que pode lançar o seu sinal final mais para a esquerda ou mais para a direita. Por fim, temos o controle branco do nível, já citado anteriormente. Para as entradas sem a opção do XLR, essas mesas só possuem os controles de efeitos, o controle de regulagem estereofônica e o controle de nível.

Por fim, no chamado “setor principal” (“Main Section”) temos um controle para selecionar qual o efeito que queremos aplicar e um controle de efeitos para mandar o efeito para a saída final, tendo efeito sobre todo o som. Temos também o controle da intensidade sonora dos fones de ouvido/ control room. Por fim, temos também um controle geral de ganho de saída com um slider, que pode ser muito útil se você quiser abaixar ou aumentar o áudio como um todo. A indicação é que, na hora do teste de som, você deixe o slider em zero.

Temos também três botões que são bastante confusos sobre o envio de sinal. Se você está gravando algo no computador e quer escutar algo pelos seus fones de ouvido vindo do computador (como uma conversa via Skype) você consegue fazer isso apertando o botão “to phones/ ctrl room”. Se você quiser ouvir o que você está gravando, basta ter certeza que nenhum botão está apertado. Mas você não consegue ouvir o computador e se ouvir ao mesmo tempo, o que é um problema sério. Para fazer isso, você precisa deixar esse botão apertado, mas de alguma forma ter um fone conectado à saída principal p10, o que vai te permitir monitorar o seu áudio e escutar o seu computador. É uma confusão e certamente o grande problema dessa mesa.

O último botão é um vermelho que possui a denominação de “+48v” esse botão é o que libera o Phantom. Só ligue se estiver com um microfone condensador plugado na mesa e o desligue antes de desplugar o microfone.

Som

Não tenho muito a dizer sobre o som dessa mesa. Vale o preço dela e possui um ganho ok, mas não excelente. Possui um pré-amplificador razoável e um compressor bem limitado. Mas, para todos os efeitos, o som é bom para o preço estabelecido.

Fonte e alimentação

Na parte de trás da mesa temos a entrada para a fonte de energia da mesa. A fonte tem um cabo de quase 4 metros, que é o suficiente para a maior parte das aplicações de home studio, mas que deve precisar de uma extensão para alguma aplicação de som ao vivo.

Uma coisa que me irrita profundamente nessas mesas é que elas não tem um botão de liga e desliga, sendo necessário puxar a tomada diretamente ou colocar algum interruptor no meio do caminho, como uma régua elétrica ou algo do tipo. O que custava colocar um interruptor? Enfim, é uma mesa barata, eles cortaram custos nessas partes.

 

Pra quem é esse equipamento?

Essa mesa é para quem quer gravar um podcast com alguns microfones dinâmicos ou até dois microfones condensadores. É para quem quer gravar música em home studio e com até três ou quarto instrumentos. É uma mesa de entrada que quebra um galho danado para controlar bem uma gravação.

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