Edifier R1000 T4: Melhores caixas de som de entrada?

O nome dessas caixinhas parece uma designação de algum robô do Exterminador do Futuro. Consideradas com um monitor de entrada para Home Studio, essas duas caixinhas acabam cumprindo muito bem o seu papel, sendo uma boa opção para quem quer um som um pouco melhor a um preço mais acessível, desde que não precise de portabilidade. De fato, essas caixinhas são muito bacanas de se ouvir, mas existem algumas dicas que melhoram ainda mais a sua capacidade. Nos tópicos abaixo, irei cobrir um básico sobre o que é esse equipamento, tentando entender melhor as capacidades desse equipamento e o quanto ele é adequado para você.

Qualidade de construção e preço

Para o preço dessa caixa, absolutamente todos os pontos dessa lista são bons. É uma caixa mais barata que o que vem nela, Honestamente, existe pouca competição para ela no mercado nesse momento, exceto em outros modelos da mesma marca. As caixas são muito leves, com o pacote inteiro pesando menos de 5kg.

A qualidade de construção é feita para durar muitos anos, com um corpo feito de MDF, mas há um acabamento em fórmica. A fórmica vem nas cores preta e “marrom madeira” e me parece haver poucos pontos onde a fórmica poderia ser facilmente destacada, o que é um ponto muito positivo. O Tweeter (o falante menor da caixa, responsável por agudos e médios mais altos) é protegido por um pedaço de plástico horizontal. E o Woofer (falante maior, responsável pelos graves e médios mais baixos) é relativamente pequeno (4 polegadas), parece ser bem resistente e duradouro.

Uma coisa que eu gosto muito nessa caixa é a tela de proteção removível na frente dos falantes. Como esse produto é voltado para as pessoas que o colocarão em sua casa (com uma intenção profissional ou não), as telas impedem que crianças ou pessoas idiotas resolvam cutucar os falantes. As telas alteram, quase imperceptivelmente, os agudos reproduzidos, mas creio que a calibragem dessa caixa foi feita com a tela no local. Como não é uma caixa extremamente detalhada (como um monitor mais caro), não acho que a tela faça uma diferença enorme no som e recomendo o uso com as telas. A única possibilidade que não indico o uso das telas é se houver a reprodução de graves em alta intensidade, o que faria as telas vibrarem e produzir sons indesejáveis. São poucos, mas ainda assim são notáveis.

Entradas e conexões

Essas caixas possuem dois pares de entradas RCA, mas vêm com um cabo RCA-P2, para que se possa conecta-las em um computador, ou em um celular, ou em qualquer lugar com entrada P2.  As entradas “PC” oferecem uma tensão um pouco maior (700mV) enquanto o as entradas AUX oferecem uma tensão um pouco menor (550mV). Isso acontece porque a entrada auxiliar não precisa ser tão bem amplificada quanto uma entrada de PC, uma vez que o receiver ou mesmo o aparelho de DVD, Blu-ray ou TV digital normalmente já amplificam o sinal melhor do que uma saída de PC. Eu não me preocuparia muito em qual ligar, mas se você estiver com dúvidas, ligue na AUX. Mediante teste que fiz, as duas entradas podem ser utilizadas simultaneamente, mas se não houver nenhum som sendo reproduzido, é possível que os conectores causem uma interferência audível um com o outro. Não indico usar as duas entradas ao mesmo tempo.

No mais, esse aparelho não possui nenhuma forma de conexão sem fio, sendo necessário o uso dos cabos RCA. Além disso, é necessário plugar a tomada durante o uso, não havendo nenhuma bateria. Isso mostra que a utilização planejada para esse aparelho é de forma estacionária, para ser utilizada em casa ou no trabalho. Apesar disso, pelo pouco peso das caixas, é possível leva-las consigo de forma móvel, como para uma sala de aula ou para uma festa em alguma casa de um amigo (apesar de existirem várias opções melhores para esse uso).

Potência

Um das coisas que acho mais chato nessas caixas é que uma caixa é passiva e a outra é ativa (apesar de isso ser o padrão em caixas não-profissionais). A ativa é onde entram os cabos RCA e onde está a tomada. É nessa caixa que está o amplificador do sistema, que vai aumentar a intensidade sonora. A outra é uma caixa passiva, que vai receber o sinal já amplificado por meio de fios bem simples (e talvez um pouco já jurássicos – mas que, de toda forma, funcionam bem). A razão pela qual eu não gosto desse sistema é que ele seria bem mais bacana se as duas caixas fossem ativas. Isso tornaria o produto um pouco mais caro, mas traria algumas vantagens.

A primeira é que caso uma das caixas viessem a quebrar, seria possível comprar outra individualmente. A outra vantagem é que seria possível montar sistemas 5.1 ou 7.1 com essas caixas, o que seria um avanço imenso em comparação às caixinhas de som de sistemas 5.1 mais baratos que encontramos por aí. Na verdade, esse modo de amplificação é justificado porque simplifica a montagem, fazendo com que o usuário comum possa usufruir desse produto mais facilmente. Uma outra vantagem que ainda posso elencar é que isso limita o posicionamento das caixas: se as caixas fossem independentes, eu poderia ter um receiver no centro de uma sala relativamente grande e do  receiver sairia um cabo para cada caixa. Do jeito que é, eu preciso mandar um cabo para uma das caixas e depois um outro cabo da caixa direita para a caixa esquerda, talvez percorrendo o caminho de volta que o primeiro cabo fez, fazendo com que o meu sistema tenha mais cabos e seja mais difícil de organizar.

A potência de cada uma das caixas é de 12W, tornando esse um sistema de 24W. Como a potência em si não diz tanto (até porque essa caixa distorce um pouco em intensidades mais altas, como veremos abaixo), me limitarei a dizer o seguinte: é uma caixa suficientemente potente para assistir filmes e ouvir músicas, mas não é o suficiente para usar para áudio ao vivo (ou seja, para ligar em uma mesa de som e reproduzir microfones ou instrumentos musicais), exceto no caso do ambiente ser muito pequeno.

Som

Enfim, aqui estamos no nosso melhor ponto de todos, o som. Esse, obviamente, é o ponto central em caixas de som, que define ou não a compra. O som dessas caixas é bastante agradável, tendo alguns defeitos já esperados por ser uma caixa relativamente barata. A assinatura dessa caixa dá uma forte priorizada aos graves em relação aos médios e agudos. Os médios são recuados, especialmente comparado com monitores de estúdio mais caros. Os agudos são um pouco mais evidentes que os médios, mas não são tão volumosos quanto os graves, especialmente se levado em consideração uma distância superior a dois metros das caixas, quando os agudos começam a serem notavelmente atenuados.

Assim, o som dessas caixas é menos “telefônico” e lembra um pouco mais o som de um show ao vivo. Isso não quer dizer, em absoluto, que é um som neutro, mas sim que é um som com alguma vida, o que explica tantas análises inflamadas dessas caixas de som. A proporção de sinal e ruído é de 85dB, o que é um bom valor, mas infelizmente não é tão refletido na realidade dessas caixas. O ruído gerado é notável, o que me faz pensar que o espaço de headroom dessas caixas seja bem limitado. Isso pode ser melhorado com um bom amplificador ou receiver, mas as pessoas que queiram usar essa caixa direto no computador para ouvir músicas com uma variação dinâmica muito alta (ou seja, músicas que tenham sons muito altos e muito baixos), saibam que essa caixa irá comprometer o detalhamento dos sons mais baixos com o ruído branco gerado por ela.

Além disso, o sinal grave, abaixo dos 200Hz, por vezes tem alguma distorção, apesar de que boa parte do público não notaria, mas que é facilmente notável quando se troca por uma caixa de melhor qualidade ou quando se adiciona um bom subwoofer ao sistema. Atrás da caixa direita, há um regulador de filtro passa-alta (ou low-cut) que dimunui ou aumenta a quantidade de graves. É um regulador bacana, que não exagera ao adicionar uma quantidade de graves absurda. Caso essas caixas sejam colocadas em uma sala sem tratamento acústico para graves, indico que esse regulador fique no centro ou na posição de remover graves. Caso esteja em uma sala corretamente tratada para graves (ou seja, não é só uma sala lotada de “espuma acústica” e não haja a presença de um subwoofer, pode ser útil aumentar os graves. Também aumente os graves se você for aquele azilado doido por graves. Apesar de tudo isso, segundo o fabricante, essas caixas não reproduzem som abaixo dos 75Hz, ou seja, não conseguem englobar os chamados “subgraves” e mais do que recomendável usá-las com um subwoofer (exceto se você morar em um apartamento, aí os graves vão deixar o seu vizinho doido!)

Onde o som dessa caixa realmente se destaca é na separação estereofônica. Ou seja, é bem fácil perceber a separação do canal esquerdo e direito, melhorando o palco sonoro dessa caixa de som (o que aumenta a imersão) mesmo com as duas caixas bem próximas uma da outra. Isso significa que é uma boa caixa para assistir filmes. Mas onde essa caixa se destaca mesmo é na reprodução de discos de vinil. Os LPs normalmente possuem pouca informação de graves (uma vez que uma grande quantidade de graves poderia diminuir radicalmente a duração do disco – mas isso é um tópico para outro post), têm uma tendência à gerar sibilância nos agudos e possuem uma separação estereofônica pobre. Esses são justamente os pontos que essas caixas tendem a remediar. Uma vez que os LPs dificilmente possuem uma boa quantidade de informação abaixo dos 100Hz, a distorção de graves dessa caixa não atrapalha na execução de discos de vinil.

Pra quem é esse equipamento?

Esse equipamento é para uma pessoa que precisa de uma caixa de som minimamente competente e com uma estereofonia bacana para iniciar sua carreira em edição de som. Também é recomendada para pessoas que busquem um bom par de caixas para ver filmes ou escutar discos de vinil.

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