Tipos de conectores de Áudio

No momento em que o som é transformado em um sinal elétrico ou um sinal digital, ele passa a percorrer um caminho através de vários equipamentos. Entre esses equipamentos, teremos conectores. Os conectores , junto com os cabos, servem como zona de tranferência de informações de um equipamento para outro. Além disso, eles também tem uma função de versatilidade. Não há nenhuma dificuldade em montar um sistema de áudio montado apenas com cabos soldados nos locais certos dos equipamentos que recebem ou emitem o sinal, mas não é ideal, uma vez que não se poderia desmontar o sistema para transporte ou trocar um cabo por outro de comprimento diferente.

Cada conector tem uma configuração diferente. Muitas vezes um tipo é preferível por ser mais barato e outro é preferível por ser mais resistente. No fim das contas, quem define o conector é o equipamento utilizado, como veremos abaixo. Esse post não pretende ser um guia definitivo de tipos de conectores, mas uma introdução dos principais tipos de cabo utilizados hoje em dia. Alguns tipos de cabos mais antigos não estarão na lista abaixo.

TRS

O cabo TRS é baseado em uma estrutura de Ponta (“Tip”), Anel (“Ring”) e “Manga” (Sleeve) que dividem as tarefas do conector.  É um dos padrões mais antigos que existem, sendo inventado ainda no Século XIX e permanecendo popular até hoje. Originalmente, esses cabos tinham a função de conectar diferentes chamadas na central telefônica. Alguns filmes mostram o árduo trabalho de telefonistas para conectar diferentes ligações através desse método. Atualmente, os diferentes tamanhos desse conector possuem nomes populares como P1, P2 ou P10.

O tamanho P1 possui uma espessura de 2,5mm. Por volta de 2005, algumas companhias de celular tentaram lançar esse tamanho como padrão de conexão para os fones de ouvido de celular (para economizar espaço, mas por conta da convenção geral da produção de fones de ouvido e outros equipamentos de áudio, não deu certo. Hoje, o padrão P1 é usado por diversas empresas de fones de ouvido (como Harman, Sennheiser, Bose) o padrão para a conexão do cabo com o fone de ouvido, caso o cabo do fone seja removível.


O tamanho P2 possui uma espessura de 3,5mm. É o padrão para fones de ouvido não-balanceados, que possuem apenas a necessidade de reproduzir o padrão mono ou estéreo. É também encontrado em caixas de som mais baratas, em celulares, em reprodutores de áudio e em alguns microfones lapela baratos. É um meio termo entre o P10 e o P1 em termos de resistência e portabilidade, o que faz com que ele seja o mais fácil de encontrar dos três.

O tamanho P10 possui uma espessura de 6,35mm. Popularmente, é muitas vezes chamado apenas de “conector de guitarra” por ser o padrão mais encontrado em instrumentos musicais em geral. É o padrão de entrada de amplificadores de fones de ouvido, assim como de fones de ouvido não-balanceados mais caros. Também serve para a conexão (macho) dos microfones dinâmicos. É importante lembrar que esse padrão não conduz Phantom, um erro que já vi algumas pessoas cometendo em diversas ocasiões.

[Imagem ts, trs, trrs]

Além do tamanho, os conectores TRS também são classificados pela quantidade de informações que eles levam. O conector TS possui apenas duas partes: uma que leva o sinal e outra que serve de aterramento. Esse conector tem apenas a capacidade de levar sinal mono, mas é preferível em caso de instrumentos musicais que gerem apenas sinal mono (a maioria) uma vez que o espaço de aterramento será maior, evitando problemas de carga.

O Conector TRS possui três partes. A primeira leva o sinal do canal esquerdo (TIP), a segunda leva o sinal do canal direito (Ring) e a terceira é o aterramento (Sleeve). Esse tipo de conector é muito comum em fones de ouvido e instrumentos musicais de sinal estéreo. O conector TRRS está presente em fones de ouvido com microfone e adiciona mais um anel, que fica responsável pelo aterramento e o Sleeve passa a levar o sinal do microfone. O TRRS fêmea está presente em quase todos os eletrônicos mais recentes (celulares, laptops, etc.), uma vez que há apenas uma entrada para fones e microfone. Padrões mais antigos dividem em duas entradas, uma rosa e outra verde, respectivamente microfone e fones de ouvido/caixas de som. Esse padrão ainda pode ser encontrado na maioria dos computadores de mesa (gabinetes).

Existe mais um tipo de conector criado mais recentemente pela Sony, o TRRRS, que leva mais um sinal: o do cancelamento de ruído. Como eu ainda não tive contato com esse conector até o momento, vou me limitar a apenas citá-lo aqui.

XLR

O conector XLR é conhecido popularmente como “Cannon” por causa do seu inventor, James Cannon. O nome XLR não é tão fácil de explicar como o TRS. A primeira versão do cabo se chamava apenas Cannon X. O L vem de “Locking”, que se refere à trava adicionada posteriormente, garantindo mais segurança ao cabo. Por fim, o R vem de “Rubber” que se refere à borracha que fica no começo da entrada fêmea, garantindo mais segurança ao cabo, evitando movimentos indesejáveis ou arranhões.

Portanto, o conector XLR é um dos mais seguros de todos os conectores de áudio, garantindo estabilidade do cabo na sua utilização. É o tipo de conector que conduz Phantom. Existem dois tipos de tamanho XLR: o padrão e o mini-xlr. Esse último é utilizado em equipamentos menores, como microfones lapela. O XLR também é utilizado em fones de ouvido balanceados, que são normalmente muito caros e precisam de um amplificador que tenha a conexão xlr. Os melhores fones de ouvido do mundo normalmente possuem a opção de usarem um cabo com sinal balanceado.

O padrão XLR pode ter entre 3 e 7 pinos. Nesse post, não falarei sobre todos os tipos de XLR. O padrão mais comum tem 3 pinos e serve para levar um sinal mono balanceado do microfone para o gravador, mixer ou mesa de som. O sinal balanceado evita que o sinal sofra interferências externas, permitindo assim que o cabo tenha um comprimento muito longo, às vezes de dezenas de metros. Atualmente, o indicado é que se use o XLR para gravações profissionais.

Alguns microfones lapela usam o XLR de 4 pinos para balancear o sinal e usar uma corrente direta em vez de Phantom. Isso ocorre porque o o circuito Phantom não funciona muito bem em locais voltagens abaixo de 10v e muitos lapelas usam voltagens entre 2v e 10v. Alguns microfones estéreos utilizam XLRs de 5 pinos para levar o sinal balanceado.

Banana

É isso mesmo que você leu. O nome desse conector é Banana. É um conector bem simples que pode ser usado para conectar vários cabos a um mesmo equipamento. O funcionamento básico desse conector consiste em um pino que possui duas molas laterais que fazem pressão interna no conector e atuam como trava. Normalmente, esse tipo de pino é encontrado em caixas de som ou amplificadores mais caros. Caixas de som mais baratas usam travas de fio, como os chamados “binding posts” que seguram a ponta do fio desemcapado. Esse tipo de conexão é mais frágil, portanto o conector Banana pode ser uma opção mais segura.

RCA

Enquanto o padrão TRS junta todos os sinais em apenas uma conexão, o padrão RCA os divide em um conjunto de cabos. RCA vem de “Radio Corporation of America” e foi um padrão que surgiu na primeira metade do Século XX. O principal intuito da conexão RCA é de fornecer um padrão baseado em cabo coaxial (um tipo de cabo que sofre menos interferência do meio externo) com um conector relativamente simples, mais fácil e mais barato de fabricar que o TRS. O RCA muitas vezes é chamado coloquialmente de “cabo de vídeo” ou mesmo “cabo do vídeo”, referindo-se ao cabo que se utiliza para conectar equipamentos de VHS ou DVD à televisão.
O RCA é utilizado para conectar alguns equipamentos de áudio: algumas caixas de som, amplificadores, pré-amplificadores, mesas de som e interface utilizam esse padrão para a transmissão de áudio. Apesar da blindagem coaxial, é importante lembrar que esse cabo não é balanceado, o que significa que ele é propenso a sofrer interferências se o comprimento do cabo for muito longo.
O conector RCA é o único dessa lista que normalmente é encontrado tanto como condutor de sinal digital como de sinal analógico.

TOSLINK

Conexões e cabos Toslink (acrônimo de Toshiba Link) são cada vez mais comuns e levam sinal digital atrávés de cabos de fibra ópica. Em geral, os conectores são quadrados, mas eles podem ser encontrados em formatos arredonados. Eles se conectam a amplificadores e reprodutores de som e servem como forma de saída de alguns receptores, como o Google Chromecast e alguns videogames. É uma forma relativamente rápida e leve de transmissão, apesar de não ter banda suficiente para transmitir sinais de altíssima resolução. Além disso, eles não são vulneráveis a intereferência de ondas de rádio, uma vez que não é composto de materiais que possam servir de antena.

HDMI

Apesar de não ser um padrão exclusivamente para áudio (assim como o padrão RCA), a conexão HDMI exerce um papel importante no mundo do áudio, sendo capaz de transmitir sinais de multi-canais em alta resolução. É também um tipo de conexão que permite um maior controle por meio do usuário, sendo a solução atual para a maioria dos conectores de computadores portáteis e alguns videogames.

USB

Por fim, a conexão USB. O termo USB em si nem define um conector em si, mas uma convenção da indústria de computadores sobre a utilização de periféricos. A conexão USB serve para levar diversos tipos de sinais digitais, entre eles, leva também o sinal de áudio digital. A maior vantagem da conexão USB é a facilidade de encontrar o cabo e a padronização das entradas, o que evita problemas de compatibilidade. É a opção para as interfaces de captura (placas de captura, mesas de som) e para DACs (conversores de sinal digital para sinal analógico).

Sei que nem todos os tipos de conexão estão nessa lista, mas temos aqui uma introdução ao assunto.


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