O som está em uma viagem. Cada ponto do mapa recebe um nome específico. Um dos primeiros passos para podermos falar sobre som é estabelecer que nomes são esses. Saber diferenciar cada parte de uma jornada sonora acústica é tão importante quanto entender a jornada eletroacústica do som (microfones, cabos, mixers, gravadores, etc.)
O primeiro ponto do som é o seu emissor, que em geral é chamado de Fonte Sonora. Uma fonte sonora nada mais é do que um transdutor (objeto que transforma um tipo de energia em outra) que transforma algum tipo de energia em energia sonora. É importante, antes de tudo, encararmos o som assim: como uma energia. E energias se dissipam, são transdutadas e isoladas ou conduzidas. Tudo isso se aplica ao som também.
No caso do corpo humano, transformamos a energia cinética do ar dos nossos pulmões (por vezes chamada também de energia aerodinâmica ou mesmo energia eólica) em som através de várias partes que compõe a nossa estrutura vocálica: a respiratória, a fonatória e a articulatória. Da mesma forma: uma caixa de som transforma energia elétrica em energia sonora, um piano transforma energia mecânica em energia sonora e por aí vai.
No momento em que o som deixa a fonte sonora, ele passa a ter contato com um Condutor Sonoro. O condutor sonoro mais notável é o ar. O ar possui moléculas mais espaçadas que o meio líquido ou o meio sólido, o que pode fazer com que o som demore mais pra se dissipar. Além disso, o ar não é o meio que nós usamos para captar som no ouvido externo, através do tímpano e de efeitos de ressonância no nosso corpo. Entretanto, a composição do ar importa e o som tem mais dificuldade de propagação através de alguns gases.
Mas o ar não é o único meio de condução de som. Na verdade, é o mais lento. Pela maior proximidade entre as moléculas, o som é conduzido de maneira mais rápida em meios líquidos e ainda mais rapidamente em meios sólidos. Entretanto, esses meios ressoam com mais facilidade o que os classifica mais como anteparos do que como condutores.
O Anteparo Sonoro é um objeto que o som se depara em sua jornada e que pode interagir com o som de 3 formas diferentes: ele pode refletir o som, transdutar o som, ou o som pode passar por ele sem nem falar “oi” direito. No primeiro caso e segundo caso, falamos que o anteparo é um Isolador (ou isolante) Sonoro. No último caso, o anteparo atua como condutor e ocorre em caso em que a frequência tem mais energia e tamanho do que o anteparo pode lidar. É o caso quando você fala com uma camisa leve na frente da boca (a camisa no máximo poderá absorver alguns agudos, mas dificilmente seria algo notável).
Se o som for refletido, ele volta muda de direção e segue sua viagem. Se ele for transdutado, a energia sonora é transformada em algum outro tipo de energia (normalmente cinética, mecânica ou térmica). Nesse caso, dizemos que o som foi absorvido pelo anteparo (apesar de muitos engenheiros de som não gostarem muito desse termo para se referir à transdução).
Porém, na prática, em geral, o anteparo reflete, transduta e conduz ao mesmo tempo. Se você colocar uma música bem alta para tocar em uma sala comum, parte dela poderá ser ouvida do lado de fora. Entretanto, provavelmente você só ouvirá (do lado de fora) as frequências mais graves que conseguiram atravessar a parede. Essa foi a parte do som que foi conduzida pela parede. Se você tocar na parede, poderá sentir ela vibrando. Essa é a parte da energia sonora que foi transdutada pela parede. Por fim, se você estiver dentro da sala, você poderá ouvir a reverberação. Essa é a parte do som que foi refletida pela parede.